domingo, 30 de dezembro de 2012

Tô me afastando de tudo (Caio Fernando Abreu)


"Tô me afastando de tudo que me atrasa, me engana, me segura e me retém. Tô me aproximando de tudo que me faz completo, me faz feliz e que me quer bem. Tô aproveitando tudo de bom que essa nossa vida tem. Tô me dedicando de verdade pra agradar um outro alguém. Tô trazendo pra perto de mim quem eu gosto e quem gosta de mim também. Ultimamente eu só tô querendo ver o ‘bom’ que todo mundo tem. Relaxa, respira, se irritar é bom pra quem? Supera, suporta, entenda: isento de problemas eu não conheço ninguém. Queira viver, viver melhor, viver sorrindo e até os cem. Tô feliz, tô despreocupado, com a vida eu tô de bem."

O VELHO E O NOVO: as resoluções de ano novo




Não sou uma pessoa muito apegada a datas especiais, creio que certos valores devem ser exercitados todos os dias. Mas, o ano novo é muito especial para mim. 

Gosto de pensar que a renovação dos rumos da vida cotidiana pode nascer de projetos a serem executados no futuro. Em 1988, elaborei uma pauta de 10 metas para o ano de 1989 que foram seguidas e executadas. O check list ficava colado na parte interna da porta do meu quarto e servia de roteiro para os planos de uma pessoa em renovação.

Para a chegada de 2013 e das necessidades que hoje se apresentam, o que planejar para o ano novo ... Penso muito no amor, no apaixonamento e num relacionamento, aspectos que fazem parte do que hoje busco para encontrar aquilo que acredito ser felicidade. Das experiências que tive muitas modificações surgiram. Em essência pouco mudo, mas me traduzo um pouco mais a cada nova vivência. 

Nestes 4 anos muita coisa mudou em minha vida e amadureci e cresci como pessoa. Amei muito alguém que não se sentia pronto para ser amado e se comprometer, e isso me doeu tanto que o mandei embora. Tomei antidepressivos por 10 meses, dormi no sofá por quase 4 meses, perdi 8 Kg e deixei de me interessar pelos homens por mais de um ano. Levei mais um ano para me permitir gostar de alguém. Comprei uma cama nova, pensei em mudar de casa, me permiti sonhar com a felicidade em um novo relacionamento. 

Essa minha intensidade escorpiana ...  que me dá essa certeza imediata do que quero ... nem sempre é acompanhada pelo sentimento alheio. Repeti muitas vezes, para me consolar, que todo sentimento ofertado tem que ter ressonância para ser amor! Chorei dias seguidos, fui a uma cartomante, fiz um mapa astral, viajei. E como sempre ... me renovei.

Fico bem depois de um tempo e me conheço um pouco mais com a experiência e o sofrimento. O que me dá a certeza de que ainda não desisti do amor e do casamento ... (rss)

Bom ... que resoluções poderia eu ter para o ano novo. Num balanço destes últimos 4 anos, dezembro tem sido o mês de mudança dos rumos. Trazendo no seu traçado umas poucas e novas amizades, desafios, expectativas e muitas experiências. O que pareço planejar se desvia de sua rota. 

O que está no meu controle mudar?

Ao chegar da praia ontem liguei o rádio e, após uma pausa, Pedro Bial recitou lindamente o texto "Use Filtro Solar". E a certeza foi que somente podemos traçar rumos de coisas práticas e objetivas. 

A vida é a compreensão sobre o que não é ... Contraditória por si só ... Surpreendente em cada detalhe ... 


Sendo assim ... Para o check list no futuro ... Resoluções de um Ano Novo:
  • Usar filtro solar, fio dental e creme nas mãos
  • Fazer mais exercícios
  • Emagrecer 2 kg
  • Correr, pelo menos, 30 min por dia
  • Escalar a Pedra da Gávea ou o Morro da Urca
  • Viajar, dançar, encontrar os amigos e rir sem moderação
  • Aprender algo novo (quem sabe aquele curso de fotografia)
  • Escrever mais
  • Praticar a leveza ... fazer terapia, meditar talvez ...

domingo, 28 de outubro de 2012

UMA FECHADURA E A MAGIA

 

Saberemos mesmo reconhecer a necessidade de nos abrirmos emocionalmente para as novidades do mundo dos relacionamentos?

Essa pergunta tem me assombrado na última semana.   Umas poucas fotos reavivaram o poderoso simbolismo das portas fechadas e o que se esconde por trás de nossas barreiras emocionais. 

Quando criança eu era fascinada pelos Contos de Fadas. Neles o que fosse mais terrível e extraordinário se escondia dentro de cômodos fechados/trancados e as soluções para os mais magníficos problemas tinham chaves ou fechaduras mágicas. Tudo se resolvia pela simplicidade do conhecimento das poderosas armas do inusitado.

A novidade está em, hoje adulta, ainda me preocupar em procurar a magia que abre os segredos do afeto e a necessidade de me surpreender com os outros. Uma cena revisitada da expectativa da magia que desperta todas as fáceis soluções que conectam problemas e soluções. Assim como conectam as pessoas com seus próprios afetos e afinidades com os outros.

Me seria possível descerrar as minhas próprias barreiras emocionais, sem a magia do encontro que só o apaixonamento causa ... isso tem me deixado inquieta. 

Não é possível prever ou controlar o afeto ou é? Se "deveríamos" saber o que deflagra o reconhecimento da característica especial do outro que se torna mágica para nos abrirmos afetivamente ... O que fazer quando a expectativa é de que esse conhecimento prévio talvez promova mais barreiras ao invés de destruir as já postas ...  Saber realmente nos impede de repetir o mesmo quando nos vemos frente a alguém? 

O aprendizado que a saga de viver cada descoberta nos promove, faz com que as respostas mudem, mas as perguntas não. Nos deparamos constantemente com o inesperado encontro conosco e sempre a mesma pergunta surge ... O que sou? O que sei de mim?

Mais uma porta que se fecha. Significa, então, que uma nova magia se forma no universo ... vou olhar em volta ... mais um pouco ... acho o segredo oculto que permite a chegada do meu par. (rss)






quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Temperamento impulsivo (Clarice Lispector)

“Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade.
Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei.”


Wilson Phillips - Impulsive (Live on MTV)

 


domingo, 14 de outubro de 2012

Diário de Viagem II: Um rascunho em aprimoramento



A Ilha da Magia, realmente tem feito uma renovação na alma. 

Enquanto subia a Trilha da Praia dos Naufragados a sensação de felicidade foi imensa. Como me sinto bem fazendo exercícios! Como é poderosa a sensação de me desafiar e conseguir atingir a superação de obstáculos e triunfar sobre o meu próprio corpo. Ao surfar na Praia da Barra da Lagoa a sensação se repetiu. Mesmo que meus braços hoje estejam ardendo pelo esforço de remar, foi estimulante e renovador me sentir como sou ... jovem, saudável e cheia de vivacidade. Atravessar as estradas e chegar a belos lugares para curtir o sol, o banho de mar e a curiosa interação das pessoas com seus corpos expostos tem me dado uma satisfação de plenitude que eu não sabia sentir.

Não sabia sentir porque me acostumo muito fácil com aquilo que agrada a quem me agrada e acabo por esquecer de me agradar. Esta vista de mim mesma em reflexão sobre quem sou e quem pretendo ser. A vivência de cada dia à espera da surpresa de um novo olhar sobre o atlântico e sobre mim mesma. Me levanta com constância a pergunta: Que imagem indefinida de mim, meus mal traçados pensamentos rascunham?

Hoje ao voltar para o meu recanto no Paraíso vim refletindo sobre tudo o que  me ocorreu nestes últimos meses. Mesmo com tristeza, não precisei do choro e sim da reflexão. Muito em mim ainda precisa mudar ... mas já me percebo falando mais sobre o que me incomoda, o que quero e o que desejo. Não tenho verdades tão absolutas e me desarmo com mais facilidade, perdoo e esqueço mais rápido ainda. Com certeza, percebo que o que vivo tem muito mais relação comigo do que com os outros. Busco o caminho do encontro, mas se o outro não demonstrar querer ... busco um caminho pra fora do que não me faz bem, mesmo que eu não perceba conscientemente esse movimento.

E, se saber e botar em prática o que quero e gosto já é um rascunho do desenho de mim mesma em amadurecimento ... É preciso então listar.

Gostar de mim me faz muito bem! Fazer exercício me faz muito bem! A simplicidade do sentimento e da entrega me faz muito bem! Encontrar e conversar com pessoas me faz muito bem! Sorrir sem motivo me faz muito bem! Ler me faz muito bem! Escutar música alto enquanto dirijo me faz muito bem! Sambar me faz muito bem! Dançar e cantar em engarrafamentos me faz muito bem! Conversar com as amigas me faz muito bem! Andar me faz muito bem! Mergulhar no mar me faz muito bem! Saber que estou compromissada com o meu afeto por alguém me faz muito bem! Viajar me faz muito bem! Dizer o que sinto me faz muito bem! Estar com a família me faz muito bem! Estar com animais me faz muito bem! Estar com pessoas que enfrentam dificuldades sem fugir me faz muito bem! Saber que mereço mais do que o pouco que me ofertam me faz muito bem! Andar de mãos dadas me faz muito bem! Estar segura do afeto das pessoas me faz muito bem! Beijo roubado me faz muito bem! Perdoar me faz muito bem! ... E assim vai ...

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Diário de viagem I: A liberdade de gostar da minha companhia


Florianópolis é exatamente como eu imaginava!

O céu tem um azul incrível e o dia me recebeu ensolarado como um grande sorriso. Os contratempos com o aluguel do carro foram superados pela atenção e cuidado de Dona Gherta, a gentil proprietária deste pequeno pedaço do paraíso. Além da vista maravilhosa deste recanto ecológico localizado no extremo sul da ilha, as Araras Azuis, os Tucanos, muitos pássaros de todas as cores e os dóceis cães, que ajudam a superar a saudade da minha "Nina Ziquinha", me colocaram em contato com a energia da natureza.

A cidade que cheira a mar é um balneário de pessoas simpáticas e prestativas. Seu Álvaro, o motorista do táxi  veio contando estórias da ilha e de sua infância e elogiou minha escolha pelo Sul, a parte mais bonita  da Ilha. Luiz, o atendente da locadora, riu muito da minha mania de pechinchar, me mostrou como achar os caminhos pelas estradas da cidade e sugeriu alguns lugares onde posso me divertir, mesmo desacompanhada. Disse para ver um por do sol no abismo ... vou tentar chegar lá. (Risos) Só pra depois ficar com a sensação de ter sobrevivido ao inusitado.

A Lagoa da Conceição tinha o sol refletido nas águas e o vento emaranhou meus cabelos como uma carícia. Foi bom sentir que estou viva ... me sentir livre, ... dirigindo pela cidade enquanto escutava a rádio local. 
Pela primeira vez em muitas semanas meus pensamentos me pareceram claros e harmônicos. Me permiti gostar da minha companhia, sem as chatices da tristeza ou das coisas que não deram certo.

Sorri muito ... Isso fez com que eu percebesse que essa minha alegria interna é algo do qual sinto imensa saudade e ... BUM ... lá estava eu de novo, com esse meu humor ácido e irônico que fez rir todos com quem estive hoje. 

Foi bom me reencontrar...

Os cheiros da noite, Joss Stone e um livro (Os 50 Tons mais Escuros) me fazem companhia e já me preparo pra dormir cedo. Amanhã, terei um pouco mais de mim mesma e a liberdade de viver mais uma aventura.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Renovando a alma ...

 

Paulo Coelho

Sempre é preciso saber
quando uma etapa chega ao final.

Se insistirmos em permanecer nela

mais do que o tempo necessário,
perdemos a alegria
e o sentido
das outras etapas que precisamos viver.

Encerrando ciclos,

fechando portas,
terminando capítulos,
não importa o nome que damos.
O que importa é deixar no passado
os momentos da vida que já se acabaram.

Foi despedido do trabalho?

Terminou uma relação?
Deixou a casa dos pais?
Partiu para viver em outro país?
A amizade tão longamente cultivada
desapareceu sem explicações?
Você pode passar muito tempo
se perguntando por que isso aconteceu.
Pode dizer para si mesmo
que não dará mais um passo
enquanto não entender as razões
que levaram certas coisas,
que eram tão importantes e sólidas em sua vida,
serem subitamente transformadas em pó.

Mas tal atitude

será um desgaste imenso para todos:
seus pais, seu marido ou sua esposa,
seus amigos, seus filhos, sua irmã...
Todos estarão encerrando capítulos,
virando a folha,
seguindo adiante,
e todos sofrerão ao ver que você está parado.

Ninguém pode estar ao mesmo tempo

no presente e no passado,
nem mesmo quando tentamos
entender as coisas que acontecem conosco.

O que passou não voltará:

não podemos ser eternamente meninos,
adolescentes tardios,
filhos que se sentem culpados
ou rancorosos com os pais,
amantes que revivem
noite e dia
uma ligação com quem já foi embora
e não tem a menor intenção de voltar.

As coisas passam

e o melhor que fazemos
é deixar que elas realmente possam ir embora.

Por isso é tão importante

(por mais doloroso que seja!)
destruir recordações,
mudar de casa,
dar muitas coisas para orfanatos,
vender ou doar os livros que tem.

Tudo neste mundo visível

é uma manifestação do mundo invisível,
do que está acontecendo em nosso coração
e o desfazer-se de certas lembranças
significa também abrir espaço
para que outras tomem o seu lugar.
Deixar ir embora.
Soltar.
Desprender-se.
Ninguém está jogando
nesta vida com cartas marcadas.
Portanto, às vezes ganhamos e às vezes perdemos.

Não espere que devolvam algo,

não espere que reconheçam seu esforço,
que descubram seu gênio,
que entendam seu amor.

Pare de ligar sua televisão emocional

e assistir sempre ao mesmo programa,
que mostra como você sofreu com determinada perda:
isso o estará apenas envenenando
e nada mais.

Não há nada mais perigoso

que rompimentos amorosos que não são aceitos,
promessas de emprego
que não têm data marcada para começar,
decisões que sempre são adiadas
em nome do "momento ideal".

Antes de começar um capítulo novo

é preciso terminar o antigo:
diga a si mesmo que o que passou,
jamais voltará.

Lembre-se de que houve uma época

em que podia viver sem aquilo,
sem aquela pessoa...
Nada é insubstituível,
um hábito não é uma necessidade.

Pode parecer óbvio,

pode mesmo ser difícil,
mas é muito importante.

Encerrando ciclos.

Não por causa do orgulho,
por incapacidade, ou por soberba.
Mas porque simplesmente
aquilo já não se encaixa mais na sua vida.

Feche a porta,

mude o disco,
limpe a casa,
sacuda a poeira.

Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é.