domingo, 13 de maio de 2012

Desengarrafando a alma ...

 

Engraçado como certas coisas acontecem em nossa vida...
Por muitos anos lamentei o fato de não ter uma irmã. Sempre invejei os meus irmãos por terem algo que me faltava. Uma cumplicidade própria de quem divide os pequenos momentos e uma intimidade única que parte dessa coisa de dividir os segredos, as roupas, o quarto, as experiências. Não que eu não tivesse minhas cumplicidades e segredos com os meus irmãos, mas, era uma forma diferente de intimidade.
Nestes últimos 20 anos a convivência me trouxe a oportunidade de conhecer pessoas e escolher irmãs de vida. Todas elas íntimas e especiais de uma forma única. 
Na última semana, a looooonnnnggggggaaaaa distância entre o Recreio e o Centro me fez pensar muito nisso. Os engarrafamentos, as risadas e histórias compartilhadas me trouxeram tantas sensações boas... 
A beleza dos dias, a forma como a luz se mostra no céu diferente a cada momento ... me lembraram da perfeição de Deus e como ele se mostra nas mínimas ações do cotidiano e nos faz mais próximos de quem amamos sem que percebamos a importância destes pequenos momentos para a eternidade.
Essa reflexão me trouxe uma sensação de paz ... de satisfação interna ... de tranquilidade na alma ... uma percepção de maturidade que eu não me via tendo há alguns anos atrás. Até as experiências compartilhadas nestes looooooonnnnngggggoooooos momentos de engarrafamento tem outra cor, outra perspectiva, uma luz sobre mim mesma ... sobre o que quero, o que espero e o que busco em mim como possibilidade de felicidade.
As experiências de vida e o compartilhamento delas com essas mulheres tão especiais ... minhas irmãs de alma ... tornaram a minha vida mais leve ... me ajudaram a crescer e a zombar de mim mesma para não levar tudo tão à sério.
Obrigada amigas ... por gestar em mim uma pessoa melhor!

sábado, 12 de maio de 2012

SONETO ANTIGO (Cecília Meireles)

Mãe, 

Sempre que ler este poema me lembrarei de você!

Parabéns pelo dia de hoje.

 

SONETO ANTIGO

(Cecília Meireles)

Responder a perguntas não respondo.
Perguntas impossíveis não pergunto.
Só do que sei de mim aos outros conto:
de mim, atravessada pelo mundo.

Toda a minha experiência, o meu estudo,
sou eu mesma que, em solidão paciente,
recolho do que em mim observo e escuto
muda lição, que ninguém mais entende.

O que sou vale mais do que o meu canto.
Apenas em linguagem vou dizendo
caminhos invisíveis por onde ando.

Tudo é secreto e de remoto exemplo.
Todos ouvimos, longe, o apelo do Anjo.
E todos somos pura flor de vento.

domingo, 6 de maio de 2012

"Oração ao Tempo"

"E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo..."
(Caetano Veloso)
Djavan - "Oração ao Tempo" - YouTube

UM HOMEM DE SORTE!


Ontem eu pretendia sair para dançar, mas fui ao cinema... Na verdade ... ia ficar em casa me lamentando a falta de um amor, mas a vontade de comer chocolate foi maior e ir ao cinema foi uma consequencia, pois eu já estava lá no shopping. Queria assistir Vingadores, mas o excesso de adolescentes e a falta de bons lugares no cinema me empurraram para a opção diponível. Foi uma agradável surpresa a troca do rumo das coisas que não planejei. 

Bom ... o filme não é lá grande coisa, um romance água com açúcar, igual a tantos outros que já vi por diversão. Não o enredo do filme me surpreendeu, mas o efeito de seu simbolismo. A história de um homem condenado a cumprir o legado de sua família se salva do destino ao encontrar uma imagem ... que ele resolve presentificar para reconstruir a si mesmo depois de toda a destruição vivenciada na guerra real à qual se submete para construir a si próprio.  Ela uma mulher forte, mas fragilizada pela dor dos amores perdidos, destroi tudo para poder se reconstruir depois da guerra cotidiana de sobreviver a si mesma e às suas decepções.

Simbolicamente destruímos o que e a quem para sobrevivermos a nós mesmos? Essa é uma pergunta que surgiu de pronto ... Tentamos nos agarrar às imagens salvadoras, mas elas não são mais do que reflexos tortos e mal acabados de nossas fantasias de perfeição. As pessoas são como são? Eu sou como sou ou me reflito torta na imagem de perfeição daqueles a quem me mostro? Que imagem torta de mim reflete na imaginação daqueles a quem encanto? 

Ultimamente a minha imagem redentora se parece com um porto seguro de solidez ... mas e se estável for monótono? Minha inconstância não me permite quietude (rs)  ... e de novo, em guerra, borro as possibilidades de refazimento da vida. A guerra cotidiana de sobreviver a mim mesma e às minhas decepções me toma e opto por não querer ... destruo para reconstruir ... e como no filme ... a tempestade arranca as certezas e borra as imagens, levando com a água as mágoas e dores para a reconstrução do amor em perfeição. E novamente me pergunto ... será você a imagem redentora do amor ou mais uma guerra na construção do inatingível? A sorte está lançada ...